segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Vermelho

Meu corpo coberto com seda rúbra
Mistura-se ao seu diluido em vinho tinto.
Com a sua voz gemente
Penetrando em meus ouvidos
Bate inquieto o coração
Porque descobriu a paixão.
Carne soberana do gozo
Entregue ao mais insano prazer.
Que céu,que inferno,que profundo!
Como uma criança
Piso descalça no chão em brasas
E tu,pólvora de cio
Abrasara meu corpo inteiro.

Laís Correia
21/11/2010

Beleza nua

Não tente achar beleza no que é visível
A imagem pertuba e engana os olhos
Colocando máscaras na autêntica essência
Manchando com cores o branco singular.
A beleza está na simplicidade
Beleza nua desprovida de materialismo
Rica em sensações e sentimentos
Deixando no ar um aroma jamais sentido
Por ser único e só.
As excentricidades agora ficam no passado
Longe dos meus olhos
Porque a verdadeira beleza
É aquela que não se mostra.

Laís Correia
20/11/2010

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Poesia para extravasar

Vou escrever uma poesia para extravasar
Num momento em que se precisaria de ordem
Alianças com a obrigação e o dever
Besteiras!
Joguei-as todas num canto
Até a minha lucidez apanhá-las de volta
Mas enquanto isso...
Escreverei as minhas palavras bailarinas
Dançando incontrolavelmente
Variando entre uma bossa e uma nova
Eu enlouqueço,tu enlouqueces,ele enlouquece
A cada verso e estrofe.
Quero apenas rabiscar
Dizer algo
Que na verdade é nada!
Quero somente extravasar.

Laís Correia
(23/10/2010)

A chegada do amor

Queria dormir agora
Para não sentir o tempo demorar
Queria muito falar com ele
Mas ainda são 20:10hs
Uma pontada de saudade e tristeza
Suposições de incertezas
Início do temido amor.
Eu quero água
Mas o coração quer fogo
E ele eu não sei.
Agora são 20:30hs.


Laís Correia
(21/10/2010)

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

03 de outubro de 2010

Que belo espetáculo!
A platéia agora está no palco
As feras estão soltas e mansas
Estão em meio ao povo
Como animaizinhos domésticos
Admirável público!
Hoje são vocês que vão fazer a mágica
E olhem que não precisam de cartola
Nem efeitos especiais
É só clicarem ali,no botão verde
Ops!
Parece que o truque deu errado
Os mágicos desapareceram
As feras continuam soltas
Porém,não estão tão mansas como outrora
Pois é...
Enquanto não tivermos uma carta na manga
Ficaremos novamente neste circo da vida
Com cara de palhaços.

Laís Correia
(24/09/2010)

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

***


A partir deste instante
não mais me verão a olho nú;agora invisível,libertarei todas as lágrimas para que nela fique flutuando e para que possamos ser um único elemento.Água.
Não são lágrimas de tristeza,apenas lágrimas...derramadas.
Líquida,me movo num movimento lascivo e penetro as nuvens.Lá ficarei quietinha esperando a nova aurora . Quando ela chegar ,em forma de gota de chuva me arremessarei ao solo e nele trasformar-me-ei em Flor.

Laís Correia - 21/08/10

sexta-feira, 6 de agosto de 2010


Comunicação nula


Sinais
Apenas sinais do eu
Esperando um comportamento do tu.
Sinal vermelho!
O eu fica sem direito a resposta
Palavras mudas
E na face do eu
A tristeza estava simplismente paupável
Por não ter sido codificada a mensagem
Não houve reciprocidade.
O tu e o eu não falam a mesma língua
Ao menos é isto que parece
Ou não?
Não sei.

Laís Correia
04/08/2010

Atenuação da face

Saia já daqui!
Saia daqui,por favor.
Você poderia sair daqui?
Será que você poderia sair daqui,por favor?



Laís Correia
04/08/2010

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Era

Era uma vez uma história de dois corações
Dois pulsares batendo no mesmo rítmo
Desde quando se enlaçaram numa noite de terça-feira
Sorriram juntos,sonharam juntos
Não queriam mais se separar.
Nunca perdiam o compasso,era incrível
Amanhecia e anoitecia
E só existiam os dois no mundo.
Era um amor gritante
E esse amor explodiu
E se perdeu...
Um coração parou de bater.
Houve várias tentativas de reanimação
Mas não teve jeito.
E o outro coração que batia muito acelerado
De medo
Entrou em colápso.
O sofrimento tomou o lugar da alegria
Mas pouco a pouco
Os corações voltaram ao seu compasso habitual
Porém,não estavam mais enlaçados
O sofrimento que parecia inacabável
Acabou
Porque nenhum amor dura para sempre
E também nenhuma dor
Todos viveram felizes para sempre
Fim.

Laís Correia
(07/06/2010)

Renascença

Ser vida e sentir que é vivo
Ter vívido a vivência existencial
Existir.
Nascer a cada nascer do Sol
E sorrir
Ter vida para quê?
Para viver.
Sofrer para sentir a necessidade de não sofrer
O que seria da humanidade sem a dor?
Ela nos motiva a viver
Mas só os vivos conseguem essa proesa.
Quanto mais empuram-no para baixo
Mais erguemo-nos com maior impulso
Como uma mola.
Mas somente os vivos conseguem
Os outros,não.
Eu existo
Eu existo
Eu nasci para viver
E ponto de continuação.

Laís Correia
(15/05/2010)

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Bahia! Bahia.

Duas faces.
Estado de graça e oba obas
Turistas:- I love Bahia
Negras exuberantes em cima do trio
Acarajé quentinho para gringo comer.
Tudo é festa e carnaval
- Sorria,você está na Bahia!
Ou chore,quando olhar para outro lado.
Pessoas e lixos compartilham o mesmo território
São pessoas? lixos? bichos?
A barriga vazia do menino denuncia
Que os direitos não são tão humanos assim.
Pelourinho de putas e loucos
Onde é castigado o ser desgraçado
Mulheres abrem suas graças
Quase de graça
Sendo contaminadas
Pela ausência de desvelo e esperança.
Sangue escorre pela ladeira
È praxe
Mais um negro morreu
Assassinado.
Mas vamos usar máscaras!
È carnaval!
Viva à Bahia!
Seja bem vindo.

Laís Correia(02/02/2010)

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Menina flor




A menina abre um sorriso e todos se alegram
Ela anda e espalha o cheiro de alecrim e canela.
Com uma flor no cabelo
E sandálias de couro
Ela sai para as ruas
Enchendo de colorido
Casas,pessoas,paisagens.
Com a sua beleza nativa
Não há quem a imite.
Ave livre para voar
Solta seus encantos pelos ares
Que o canto que da minha boca emana
Soam para te homenagear.

Laís Correia (06/01/2010)

Caminho




Piso entre pedras e lixos
Caminho
Bebo água da chuva
Tomo banho de chuva
Caminho
Minha cama é de cimento
Meu lençol é de plástico
Caminho
Meus braços carregam o peso
Do rebento sem destino
Caminho
E quando eu chegar lá
Quero calçar chinelos
Beber água mineral
Tomar banho de chuveiro
Deitar numa cama com colchão
Dar comida ao meu pequeno fruto
Busco
A eterna busca pela vida.

Laís Correia (20/11/09)

Imã




Maligna beleza
Atraente como um imã
É o teu olhar
Perco a força,perco o ar,perco o foco
Só não perco o teu olhar
Fronteira entre o bem e o mal
Crime sem juízo final
Cativeiro dos loucos e apaixonados
O seu olhar é poderoso
Olhos que sabem chorar
E quando choram
Regam meu peito de emoção
Não me olhes assim...
Aliás,
Olhe sim
Porque sou dependente do seu olhar.

Laís Correia (21/11/09)

Horas




São quatro horas da tarde
E os minutos não são tolerantes para mim.
Busco algo novo
Mas a rotina parece me perseguir.
Vou à rua,vejo pessoas
Que antes nunca vi.
Minha alma mergulha num misto de calma e frenesi.
Aproximam-se as horas
E percebo que estou aqui
Sei que a vida reserva
Uma surpresa para mim.

Laís Correia

Jaz




Jaz o meu coração
Que não resistiu às pancadas
Abrupto tão foi
Que nem o grito teve tempo de sair
Os planos de ontem
Transformaram-se em pó.
Talvez o outro coração seja feliz agora
Agora que se desprendeu do meu
Agora que o meu nem mais existe
E o eu se faz insignificante
O meu coração
jaz.

Laís Correia (25/09/09)

Berço negro




Marcada por cicatrizes seculares
Nascida no ventre da mãe Brasil
Tenho nas mãos cheiro de pimenta e dendê
E nos pés o samba faceiro
Sou negra
Eu não tenho cor
Sou de todas as cores
Arco-ires noturno
Histórias de outrora
Deixaram marcas,mas não deixaram lágrimas.
Dentes preluzem na escuridão
Batuque ecoa pelos ares
Negro venceu o inexorável
É tempo de comemorar!

Laís Correia

Metáforas




Abandonaram-se as flores
O belo vestiu pijama e foi dormir
A canção calou-se no vácuo da noite
Em pleno dia de lua minguante
Nos jardins brotaram páginas em branco
Depois que a poesia resolveu desistir
Num dia de sol chuvoso
Num dia em que a chuva secou todas as palavras.
Abandonaram-se os amores
O meu foi embora
Deixando somente metáforas.

Laís Correia (08/10/09)

No fundo do meu mar





Ondas gigantescas crescem em minha mente
Navegações perigosas e desnorteadas
No fundo do meu mar
Uma garrafa
Contendo um papel com palavras tristes
Afrontadoras
Este barulho de mar parece um presságio
Para que em mim se deságue e me afogue.
Em minha porta a brisa do mar ecoa
Hipnotizando-me e me deixando a esmo
Criando um vácuo em minha alma
O meu rumo ainda não encontrei
O mapa ragou-se em pedacinhos
Agora só o que resta sou eu
Mergulhada na imensidão do meu mar.

Laís Correia (09/10/09)

Ainda em flor





A mão pequena segura o lápis
A mão da mãe segura a mão pequena
Um rabisco surge no caderninho
Mas nenhuma letra foi desenhada.
A mão começa a ficar inpaciente
Para que o nome possa escrever.
A mãe mais uma vez segura a mão da pequena
Para que em breve a menina aprenda
Que as palavras podem transformar.
Aos poucos a mão vai desenhando
A letra inicial do nome
Como é fascinante o desabrochar de uma menina
Ainda em flor.

Laís Correia (16/10/09)

Sonhos reais





Abro os olhos
Estico o corpo
Manhã vem beliscar o meu rosto
Desperto
Alegro
Descubro
Que a vida me dá
Mas uma oportunidade de ser feliz
Mexo-me
Exerço
O dom de encarar o mundo
Converso
Invento
Mil maneiras de espantar o tédio
Respiro profundo
Meus pulmões se enchem de esperança
Minha boca se enche de sorriso
Os livros devoram-me
Os amigos encontram-me
Hora de voltar para casa
Fecho os olhos
Encolho o corpo
Noite vem trazer-me sonhos reais.

Laís Correia(18/11/09)

Derrubando castelos





No quarto escuro a criança tem medo
Bicho Papão existe
E começa a se perguntar
Porque as pessoas crescem e ficam más?
Porque brigam?
Porque tem crianças nas ruas?
Papai Noel existe?
A criança vê que no mundo
Nem tudo é cor de rosa
Tem preto,amarelo,vermelho...
vermelho!
Essa é a cor que a criança vê nos telejornais
Não adianta tapar os olhos dela
A criança não gosta dos homens fardados
Eles têm na farda as letras PM
A criança imagina
Que essas letras significam "pessoas malvadas"
Eles não protegem
Ela prefere o Capitão Planeta
Quando crescer,ela quer ser professora
Para ensinar as pessoas
Que é muito mais divertido
Ter um coração puro
Como o sorriso de uma criança.

Laís Correia

Necessária despedida


Não poderia dizer estas palavras
Canto do quarto
Tristeza aflora
Estou dizendo estas palavras
Hora de usar a razão
Necessária despedida
Não sei se é a solução perfeita
Só sei que estou indo embora
Imperceptível,rápida e silenciosa
Como uma estrela cadente
Não realize o pedido de volta
O ser se finda
Outro nascerá.