sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
Menina flor
A menina abre um sorriso e todos se alegram
Ela anda e espalha o cheiro de alecrim e canela.
Com uma flor no cabelo
E sandálias de couro
Ela sai para as ruas
Enchendo de colorido
Casas,pessoas,paisagens.
Com a sua beleza nativa
Não há quem a imite.
Ave livre para voar
Solta seus encantos pelos ares
Que o canto que da minha boca emana
Soam para te homenagear.
Laís Correia (06/01/2010)
Caminho
Piso entre pedras e lixos
Caminho
Bebo água da chuva
Tomo banho de chuva
Caminho
Minha cama é de cimento
Meu lençol é de plástico
Caminho
Meus braços carregam o peso
Do rebento sem destino
Caminho
E quando eu chegar lá
Quero calçar chinelos
Beber água mineral
Tomar banho de chuveiro
Deitar numa cama com colchão
Dar comida ao meu pequeno fruto
Busco
A eterna busca pela vida.
Laís Correia (20/11/09)
Imã
Maligna beleza
Atraente como um imã
É o teu olhar
Perco a força,perco o ar,perco o foco
Só não perco o teu olhar
Fronteira entre o bem e o mal
Crime sem juízo final
Cativeiro dos loucos e apaixonados
O seu olhar é poderoso
Olhos que sabem chorar
E quando choram
Regam meu peito de emoção
Não me olhes assim...
Aliás,
Olhe sim
Porque sou dependente do seu olhar.
Laís Correia (21/11/09)
Horas
São quatro horas da tarde
E os minutos não são tolerantes para mim.
Busco algo novo
Mas a rotina parece me perseguir.
Vou à rua,vejo pessoas
Que antes nunca vi.
Minha alma mergulha num misto de calma e frenesi.
Aproximam-se as horas
E percebo que estou aqui
Sei que a vida reserva
Uma surpresa para mim.
Laís Correia
Jaz
Jaz o meu coração
Que não resistiu às pancadas
Abrupto tão foi
Que nem o grito teve tempo de sair
Os planos de ontem
Transformaram-se em pó.
Talvez o outro coração seja feliz agora
Agora que se desprendeu do meu
Agora que o meu nem mais existe
E o eu se faz insignificante
O meu coração
jaz.
Laís Correia (25/09/09)
Berço negro
Marcada por cicatrizes seculares
Nascida no ventre da mãe Brasil
Tenho nas mãos cheiro de pimenta e dendê
E nos pés o samba faceiro
Sou negra
Eu não tenho cor
Sou de todas as cores
Arco-ires noturno
Histórias de outrora
Deixaram marcas,mas não deixaram lágrimas.
Dentes preluzem na escuridão
Batuque ecoa pelos ares
Negro venceu o inexorável
É tempo de comemorar!
Laís Correia
Metáforas
Abandonaram-se as flores
O belo vestiu pijama e foi dormir
A canção calou-se no vácuo da noite
Em pleno dia de lua minguante
Nos jardins brotaram páginas em branco
Depois que a poesia resolveu desistir
Num dia de sol chuvoso
Num dia em que a chuva secou todas as palavras.
Abandonaram-se os amores
O meu foi embora
Deixando somente metáforas.
Laís Correia (08/10/09)
No fundo do meu mar
Ondas gigantescas crescem em minha mente
Navegações perigosas e desnorteadas
No fundo do meu mar
Uma garrafa
Contendo um papel com palavras tristes
Afrontadoras
Este barulho de mar parece um presságio
Para que em mim se deságue e me afogue.
Em minha porta a brisa do mar ecoa
Hipnotizando-me e me deixando a esmo
Criando um vácuo em minha alma
O meu rumo ainda não encontrei
O mapa ragou-se em pedacinhos
Agora só o que resta sou eu
Mergulhada na imensidão do meu mar.
Laís Correia (09/10/09)
Ainda em flor
A mão pequena segura o lápis
A mão da mãe segura a mão pequena
Um rabisco surge no caderninho
Mas nenhuma letra foi desenhada.
A mão começa a ficar inpaciente
Para que o nome possa escrever.
A mãe mais uma vez segura a mão da pequena
Para que em breve a menina aprenda
Que as palavras podem transformar.
Aos poucos a mão vai desenhando
A letra inicial do nome
Como é fascinante o desabrochar de uma menina
Ainda em flor.
Laís Correia (16/10/09)
Sonhos reais
Abro os olhos
Estico o corpo
Manhã vem beliscar o meu rosto
Desperto
Alegro
Descubro
Que a vida me dá
Mas uma oportunidade de ser feliz
Mexo-me
Exerço
O dom de encarar o mundo
Converso
Invento
Mil maneiras de espantar o tédio
Respiro profundo
Meus pulmões se enchem de esperança
Minha boca se enche de sorriso
Os livros devoram-me
Os amigos encontram-me
Hora de voltar para casa
Fecho os olhos
Encolho o corpo
Noite vem trazer-me sonhos reais.
Laís Correia(18/11/09)
Derrubando castelos
No quarto escuro a criança tem medo
Bicho Papão existe
E começa a se perguntar
Porque as pessoas crescem e ficam más?
Porque brigam?
Porque tem crianças nas ruas?
Papai Noel existe?
A criança vê que no mundo
Nem tudo é cor de rosa
Tem preto,amarelo,vermelho...
vermelho!
Essa é a cor que a criança vê nos telejornais
Não adianta tapar os olhos dela
A criança não gosta dos homens fardados
Eles têm na farda as letras PM
A criança imagina
Que essas letras significam "pessoas malvadas"
Eles não protegem
Ela prefere o Capitão Planeta
Quando crescer,ela quer ser professora
Para ensinar as pessoas
Que é muito mais divertido
Ter um coração puro
Como o sorriso de uma criança.
Laís Correia
Necessária despedida
Não poderia dizer estas palavras
Canto do quarto
Tristeza aflora
Estou dizendo estas palavras
Hora de usar a razão
Necessária despedida
Não sei se é a solução perfeita
Só sei que estou indo embora
Imperceptível,rápida e silenciosa
Como uma estrela cadente
Não realize o pedido de volta
O ser se finda
Outro nascerá.
Assinar:
Postagens (Atom)